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A Realidade Pós-Pandemia:

Reflexões sobre as relações humanas e o egoísmo

Após o fim da pandemia de COVID-19, muitos de nós acreditávamos que seríamos melhores e menos egoístas como seres humanos. Infelizmente, essa expectativa não se concretizou completamente. Embora a pandemia tenha nos mostrado exemplos de solidariedade e cooperação, também expôs o lado egoísta da sociedade.

Neste artigo, exploraremos como isso aconteceu e darei exemplos de epidemias anteriores para contextualizar essa questão.

Durante a pandemia de COVID-19, medidas restritivas foram implementadas em vários países para conter a disseminação do vírus. O fechamento de fronteiras, o distanciamento social e o uso de máscaras se tornaram parte do nosso cotidiano. No entanto, apesar dessas medidas, a crise sanitária revelou desafios psicológicos e comportamentais significativos.

Estudos mostram que a pandemia teve um impacto negativo na saúde mental das pessoas. O medo, a ansiedade e a incerteza em relação ao vírus contribuíram para o aumento de distúrbios emocionais e comportamentais. Profissionais da linha de frente da saúde, idosos, crianças, estudantes universitários, pessoas LGBTQ+, moradores de rua, indivíduos economicamente vulneráveis, comunidades rurais, estrangeiros e pacientes psiquiátricos são alguns dos grupos mais afetados.

Essa pressão emocional e as mudanças na rotina cotidiana podem ter contribuído para a falta de progresso em relação à nossa expectativa de melhorar como sociedade. Em momentos de crise, como uma pandemia, as pessoas tendem a se concentrar mais em sua própria segurança e bem-estar, o que pode resultar em comportamentos egoístas. De acordo com a psicóloga Anne Böckler-Raettig, o comportamento pró-social abrange várias facetas e os indivíduos podem manifestar tanto tendências egoístas quanto cooperativas.

Além disso, ao longo da história, epidemias anteriores também revelaram aspectos semelhantes. Por exemplo, durante a epidemia de peste bubônica na Idade Média, conhecida como "Peste Negra", as pessoas frequentemente se voltavam para o individualismo e a autopreservação, abandonando os valores de solidariedade e cooperação social. Situações de crise tendem a despertar medo e ansiedade, o que pode levar as pessoas a se concentrarem mais em suas necessidades imediatas.

Na época da gripe espanhola, de 1918 a 1920, o exemplo de egoísmo foi o acúmulo de recursos essenciais por parte de certas pessoas. O aumento da demanda por itens como alimentos, remédios e suprimentos médicos resultou em escassez em algumas áreas afetadas pela pandemia. Algumas pessoas aproveitaram essa situação para estocar grandes quantidades desses recursos, privando outros de acessá-los adequadamente. Esse comportamento egoísta contribuiu para agravar a crise e dificultou a assistência às pessoas que realmente precisavam desses itens.

Embora a pandemia de COVID-19 tenha trazido alguns atos humanitários e solidários, como voluntários ajudando os necessitados e comunidades se unindo para apoiar os mais vulneráveis, também testemunhamos exemplos de egoísmo e divisão, houve casos de pessoas estocando produtos essenciais, como papel higiênico e alimentos, em grandes quantidades, mesmo quando os apelos oficiais indicavam que não era necessário. Essa mentalidade de "eu em primeiro lugar" foi evidenciada pela dificuldade em encontrar certos itens nos supermercados. Infelizmente, a expectativa de que seríamos melhores e menos egoístas como sociedade após o fim da pandemia não se concretizou plenamente.

É importante reconhecer que a mudança comportamental em escala global leva tempo e requer esforços contínuos, lembrando que a sociedade é complexa e composta por indivíduos com diferentes comportamentos e motivações. Para enfrentar esses desafios, é necessário investir em educação, conscientização e desenvolvimento de habilidades sociais e emocionais. Além disso, políticas públicas adequadas e uma abordagem holística para o bem-estar mental são fundamentais para promover uma sociedade mais solidária e menos egoísta.

A construção de uma sociedade menos egoísta requer um esforço coletivo, conscientização e educação para promover valores de empatia, solidariedade e cooperação. É um processo contínuo, e cada um de nós tem um papel a desempenhar nessa transformação.

 

Referência:

https://www.dw.com/pt-br/solidariedade-e-ego%C3%ADsmo-as-duas-faces-da-pandemia/a-52979997

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